Hoje não é um dia comum. Estou sozinho em casa. Meus filhos, estão na casa da avó há apenas 48 horas, porém parece uma eternidade. Vendo as foto dos dois aqui ao lado do meu computador, começo a analisar. Acho que cada filho antes mesmo de nascer tem sua peculiaridade, sua importância na vida de cada pai. Afinal, gera expectativas, sonhos, fantasias e representa um momento.
Engraçado, sinto que gosto deles de forma diferente. Não gosto mais nem menos um do outro, apenas gosto diferente. Gosto do jeito observador e calado e da voz mansa do meu filho. Na minha filha, gosto do jeito desafiador, que fala tudo que sente, que luta com todas as forças por tudo que quer. Identifico muito o que sou e algumas vezes , o que fui, em cada um deles. De uma coisa eu tenho certeza: do grande vazio que a ausência de cada um provoca em meu coração.
Sinto falta da televisão alta, das brigas entre os dois, da luta que enfrento para que tomem banho, escovem os dentes, desliguem o telefone e falem baixo.
Agora estou aqui nesse silêncio insuportável. Nunca pensei que fosse sentir falta de barulho.
Bem, quero que eles cheguem logo. Quando estiverem aqui em casa perto de mim, vou pedir que aumentem ainda mais a televisão. Se brigarem, vou pedir que briguem também comigo.
Com certeza vão achar que eu enlouqueci. Sim, enlouqueci... mas de saudade dos meus dois tesouros!
Roberto Passos do Amaral Pereira