É CERTO VIAJAR?
(Jairo Nunes Bezerra)
Quase sempre, no silêncio da noite, quando faz mais frio, é que a insônia encontra guarida na minha cama. E então caminho em direção ao micro e meus dedos já ágeis, percorrem o teclado veementemente visando o desabafar de meus sentimentos. Vêm recordações distantes e atuais. E procuro dissertá-las em versos espontâneos. E a noite avança inexoravelmente... E à aproximação dos primeiros raios solares, começo a dormitar ante o teclado escurecido, testemunha de ardentes declarações amorosas, dirigido a um único destino, bem distante e altaneiro. Às vezes, aqui, distante de meu país, questiono essa minha necessidade de viver viajando com persistência. E com pensamento emoliente, procuro renunciar ao inglório desairoso da minha aquiescência à minha labutação. Tudo tem o seu final. E quando terminar de percorrer mais três países,
retornarei com mais cultura, porém mais cansado. E como dizia o nosso presidente Lula, com mais desejo de comer feijão com arroz.