Poemas : 

Grito calado

 
Não vou arrancar de ti nenhum fruto que me valha
Se tuas raízes fixaram-se no abandono, no descaso.
Não vou colher das tuas mãos nenhum gesto de carinho
Se na tua desventura amputaram-te a alma.
Tenho vertido um choro quente,
Um caudaloso rio nascido da tua rudeza,
Filho de um fio d’água
Saído de uma pedra bruta e insensível.
O curioso é que nos teus olhos,
No brilho que eles transmitem,
Há um quê de amor...
Mas não um amor aberto e oferecido,
E sim o amor amordaçado,
Um grito calado de socorro.
Amo-te assim mesmo no meu desespero.
Não me desvencilho das tuas amarras,
Pois elas garroteiam meu sangue
Que pulsa no compasso de um coração que é teu.
E assim eu caminho.
Pé pós pé.
Dia pós dia.
Numa desenfreada loucura,
Que a despeito do meu sofrimento,
Insiste em ser a razão nesta estrada vã.


Frederico Salvo


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FredericoSalvo
 
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Enviado por Tópico
HelenDeRose
Publicado: 09/09/2011 23:26  Atualizado: 09/09/2011 23:27
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 Re: Grito calado
Um grito que eu consegui ouvir daqui, onde o som dá um nó na garganta, amarrando a emoção de quem também sofre o amor. Aqui você vibrou sentimento, na intensidade do seu grito. Um desabafo triste, uma declaração de amor triste, mas com uma beleza singular.

Boa noite poeta.

Helen.