Quem é você que desafia o tempo?
Não sabes o poder que ele tem da destruição?
Um pouco mais, é só olhar em seu rosto e contemplarás as cicatrizes que ele te deixou;
Marcas irrecuperáveis dentro do seu interior, ele não terá pena...
Carregou algo que lhe parecia precioso no passado, nem ameno te deu chance de defesa; Minou os teus pensamentos, aproveitou-se da tua inexperiência, contaminou-te com idéias frágeis, quebrantou teu coração, despedaçou a tua alma;
Trouxe até os teus seios braços enganosos, mãos que por alguns segundos te acalentaram; Corpos que se ajuntavam ao anoitecer, solidão que restava ao amanhecer;
Ele te sorriu como a tempestade, soprou a felicidade que furtava o teu peito
Levou a mais simples razão que ocultavas o teu seio; E mesmo assim tu sorris para o tempo! Com seus quase dezoito anos, surpreendes com teu sorriso meigo
Desafia-os com a singeleza dos teus compridos cabelos;
Ignoras dentro de ti cada ferida que plantaram em teu peito;
Cada segundo do teu passado refletem um gosto amargo em tua boca, tirando-lhes a vontade de viver;
Lembra? Há certas perguntas que só mesmo o tempo poderá responder, pois você caminhou sozinha, ironizou cada passo em falso que pisou os teus pés;
Tropeçou nas pedras das dúvidas, escorregou na falta de amadurecimento, sentiu-se só em determinados momentos; Sentiu a euforia de estar amando, ledo engano...
Você foi apenas algumas páginas de livros que nunca foram lidos, literalmente esquecidos na estante das imaginações;
Guardando em seu mais puro conteúdo, o julgamento de pessoas que não tiveram coragem nem pudor de suportar tamanha, responsabilidade, juventude e brilho no teu rosto;
Deram as costas para a oportunidade de conhecer um coração sincero, nem todas as rosas sobrevivem aos espinhos de seu próprio corpo!
Mas o tempo lhe pregou uma peça, soprou em tuas mãos uma folha de papel envelhecida, amassada e esquecida pelos seus quase trinta e dois anos; Traziam em seu conteúdo, uma estória de outonos sofridos...
Sentimentos quase que apagados como tinta enfraquecida pelas rubricas que o tempo lhe valera; Uma simples página de contínuas esperanças que apesar de amarelada transmitia confiança;
Teus olhos sobrecarregados pelas lágrimas de um futuro incerto, não exitaram invadir cada palavra escondida; Você fechou os olhos, desamassou em teus dedos delicados, parte de uma estória que não te pertence;
Esta página é fruto de um livro que você desconhece, arrancada pelas mãos do destino, remendada pelas cicatrizes de um passado de desatinos; Mas que o tempo despojou em tuas mãos; Quem é você, que desafia as ações do tempo?
Meu sorriso, minha voz, os meus lábios, vale a pena sentir? Vale à pena fazer parte desta história? Pergunte ao tempo! Somente ele será capaz de te responder.
Marcelo Henrique Zacarelli
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli – Julho de 2001 no dia 13.