Há festa na praça,
Alfredo da tasca
para lá caminha ainda com sinais de ressaca.
Segue a tremer e com as pernas à rasca,
o cabelo em desalinho
e a arfar de cansaço,
corre pela rua sozinho,
ainda com o cheiro a bagaço.
Pouco passava da primeira cantiga,
já ele metia conversa
com uma rapariga
e disse-lhe sem muita pressa:
"ó linda diz lá como te chamas!
Gosto muito de ti.
Diz-me, por favor,
que tambem me amas!"
"Não gosto de ti!
Não sou capaz,
tenho um gosto mais requintado,
mas nem pareces ser mau rapaz."
"Deixa lá, eu vou
procurar para outro lado..."
Alfredo não desistiu,
viu outra rapariga
e logo sorriu!
"ó linda diz lá como te chamas!
Gosto muito de ti.
Diz-me, por favor,
que tambem me amas!"
A rapariga olhou com ar chateado
e diz ao alfredo, já embriagado:
"Não vale a pena arreganhares a taxa,
se o meu namorado te vê
dá-te guias de marcha!"
Sem nada para fazer,
o Alfredo da tasca
caminha para casa, já a temer
a grande descasca
que a sua mulher lhe vai vender!