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Insónia

 
É quase manhã e não durmo.
perdi o sono onde perdi a alma
deixada coalhada e muda
nos silêncios que a noite enjeitou
ou talvez apenas me tenha deitado calado
com o peso das luas magras
onde procurei saber quem sou.

Amanheceu sem aviso nem som
e eu já nem sinto o vento que restou,
apenas me deixo enlevar na angústia
de não saber se o dia novo
traz no regaço as trépidas vozes
do que se passou,
algures em parte alguma do silêncio
que em mim se quedou.

Nasceu o sol nas costas do meu olhar
enquanto o sono não espreitou,
caiu a noite no cruel afago
onde as verdades se atormentam,
sem sofrer castigo algum
como se entre tantas noites assim
o tempo fosse uma corrida perdida
em toda a vida passada
na sombra de um enredo sem cor.

O dia ruivo de tanto desbarato
vai correr à minha ilharga
e eu sei que outra noite sem receio
me vai encontrar algures por aí
para no seu devaneio de insónias
me alvejar e anoitecer
por capricho apenas seu
de me ver perder a alma
onde também perdi o sono.
 
Autor
José António Antunes
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/09/2011 06:30  Atualizado: 08/09/2011 06:30
 Re: Insónia - Para José António
Perfeito para uma noite de insônia... Aliás, perfeito em qualquer momento.

Perfeito mesmo, na minha opinião.

Idéias bailando na fumaça da noite que passa lentamente, junto com a minha vida, que se esvai a cada cigarro mal dormido...

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/09/2011 12:29  Atualizado: 08/09/2011 12:29
 Re: Insónia
MUM MARAVLHOSOS POEMA.

MARTISNS