Quem já ouviu
“Quem cala consente”?
Deveria ter escutado a sua segunda parte
Quem se manifesta no silêncio
Em nada de bom ou de mau
Saberemos o que aí irá de vir.
E quem diz que as palavras
São facas de gomes afiadas
Esqueceu-se dizer
Que o silêncio é manto sem rosto
Do conhecimento.
Por mais esforços que se tenha
Não há maneira em auxiliar
Quem precisa
Sem se meter nas sombras
Que fiam a trama do destino.
E saímos sempre queimados
Ou empobrecidos
Nos laços que ligam a vida.
Só tenho pena
De nunca poder ver
Esse silêncio.
Só tenho pena
De sempre levar
Com as facas do atirador do circo.
Só tenho pena
Para escrever
Os dualismos que em si persisto.
E tudo por causa de outros Reggies
Mal cantados, mal afamados,
Que de Fado se tem em sina.
Desse silêncio que só magoa
Após ser dito,
É como se rio se fosse,
Passou por aquele moinho
Cujo tempo em nada serve
Faze-lo voltar atrás.
P de BATISTA