Tantas palavras jogadas ao vento,
Algumas revoam qual folhas secas,
E se perdem nos vales se fazendo vãs,
Outras se transformam em vozes e ditos.
Tantas palavras se fazem letras,
Saídas de penas nobres e mãos férteis,
Vencem o tempo e significam sabedoria,
Tomando forma e corpo e sentido e luz.
Outras, saídas de bocas pobres e rotas,
Expelidas por línguas em rompantes estéreis,
Simplesmente morrem moribundas e inúteis,
Sucumbindo ao primeiro sopro de lucidez.
Tantas palavras deslizam e se fazem poemas,
Verbalizando a poesia presente em todo redor,
Percebidas por corações ricos de sensibilidade,
Oferecidas em bandejas aos poetas latentes.
Algumas sacramentam sorte e destinos,
Fincadas na verdade que cultuam as relações,
Norteando o senso, a lógica e o arbítrio,
Transformadas em guias para a vida e morte.
Tantas palavras vendem harmonia e paz,
Outras revigoram a ofensa e a discórdia,
Mesmo iguais refletem luz ou escuridão,
Mercê das formas, tons e entonações.
Prefiro as palavras ecoadas do coração,
Que mesmo pronunciadas na sua mudez,
Conduzem a verdade dos sentimentos nus,
Sem os riscos da maledicência conduzida.
EACOELHO