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LITERATURA NO TEMPO

 
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LITERATURA NO TEMPO
 
LITERATURA NO TEMPO
(Jairo Nunes Bezerra)

Tenho duas lembranças da minha infância. Simples, mas que marcaram
a minha juventude. A primeira foi quando com aproximadamente cinco
anos, recebi uma pequena moeda de réis (valor antigo da moeda brasileira).
Um belo dia, já ao romper da aurora, fui brincar, em meu quarto, com a
já estimada moeda. Na lateral do quarto, com forma retangular, se destacava
um velho baú, cuja fechadura, antiga, metálica, possuía um orifício onde
penetrava um linguado, também de metal, concretizando o fechamento.
do móvel. Só que naquela manhã o velho baú se encontrava aberto e o
imprevisto aconteceu: A minha adorada moeda caiu no orifício que a
solveu como líquido fosse. Tentei recuperá-la várias vezes, até com
uso de pinça, não conseguindo realizar o meu intento. E o fato
ocorrido perdura até hoje, a ponto de originarem os constantes pesadelos
em busca da recuperação da extinta moeda. Fica assim comprovado
que os problemas da infância se refletem pela vida inteira!...

A segunda lembrança, entre a infância e a juventude, teve como palco
o meu aprendizado primário. Lia tudo que encontrasse pela frente: Jornais
calendários e até receita de bolo. Na minha andança literária encontrei
um livro, de um escritor obscuro na época, que apresentava um drama
vivido por dois personagens: Um pobre e um rico. Enquanto um morava
num palacete o outro residia numa pequena casa com teto de palha, aliás,
residência natural, na época, dos menos favorecidos pela sorte. Hoje seria
um viaduto. Continuando, o drama se desenrolava tendo com destaque
a bondade do menino rico que procurava ajudar o pobre, levando-o
para lugares por ele freqüentados. Seria triste narrar o prosseguimento
do livro, levando em consideração as passagens cheias de melancolia!
Mas o que me impressionou, na tenra idade, foi a redação:
Maravilhosa, com belezas e tristezas! E considerei, naquele tempo, o
escritor, o melhor do mundo, logo ele fizera com que minhas lágrimas
de adolescente denunciassem o meu estado emotivo. Há pouco, porém,
encontrei o dito livro numa velha livraria, aqui denominada de sebo,
e o reli! Fiquei decepcionado com aquela redação, que antes fora
para mim, na minha estepe de desconhecimento, a única obra
prima destacável e hoje é apenas um esteatoma! De tudo tirei
uma conclusão: O MODERNISMO É DINÂMICO E O
PRODUZIDO NO PASSADO ERA BOM PRA AQUELA
ÉPOCA!

Nota do Autor: Peço aos meus leitores, desculpas por não ser escritor!
Apenas menciono fatos ocorridos!



 
Autor
Jairo Nunes Bezerra
 
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