Se morresses,
Agora,
E me deixasses nada mais que
O teu corpo
Aceitarias? o facto de que
nada poderias fazer
que fazeres-te nada
O teu corpo
Nada
A tua voz
Nada
A tua letra
Nada
Tu em mim, por mim, para mim
Nada.
Eu,
Eu ficaria,
Imóvel
No teu corpo
Ainda nada nesse leito
morno que não existe
em nada
daquilo que já recordei
Imóvel
esperando que também eu
seja, contrariadamente
Nada.
E fria,
A pensar
Em todas as vezes que
não entendeste, não
quiseste
esse nada que
sempre existira.
E
Não teria mais para te oferecer
Que um sorriso amargo
"Que tens?" - Perguntas pelo silêncio.
Não te preocupes, nada.