Sonhos tive,
e os tenho ainda.
Presságios tive
e os tenho ainda.
Sono já não tenho
e me atormenta o pesadelo.
Ouço vozes ao longe
Perdão! Não estou alucinando.
A insônia é fruto
de uma profunda inquietação
Ante ao grito acuado
que não cala a indignação.
Para onde vão?
Os que na pobreza estão?
De espírito, de alma
De infórtunio, de lama
Perdão! Não estou delirando.
São tempos esquizofrênicos
De tédio, vazio
De vilipêndio, dispêndio.
Noites se transformam
Em dias intermináveis
Vidas se transmutam
Em alegorias inconfessáveis
O que fazer dos sonhos
que já não mais se revestem de utopias?
O que fazer dos pesadelos
que já não mais se contam ao raiar dos dias?
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 3/9/2011.
Imagem: O grito, pintura célebre do pintor norueguês Edvard Munch.