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5/2/2010

 
Quando era pequena não compreendia bem o que me rodeava, no entanto era feliz nunca me sentia só. Mas a partir de uma certa altura senti, que, estava a caminhar para a solidão, perguntando-me sempre se onde eu vivia seria de facto a minha casa.
Parece estranho, mas ao mesmo tempo único, porque apesar de ter irmãs e destas serem nascidas primeiro que eu, na minha infância a única pessoa que achava próxima e familiar era a minha mãe. Os restantes habitantes da casa considerava-os amigos apenas, começando a considera-los família tardiamente, mais ou menos quando comecei a aperceber-me de que eu era somente eu, e a ter noção de que eu sou eu.
Quando tinha oito anos pensava sempre onde é que iria estar quando tivesse vinte anos, pois naquela altura era algo que me parecia tão distante. Lembro-me o quão era fácil para mim fazer amigos sem ter a noção do que era amar ou criar laços com alguém. Há medida que o tempo foi passando fui apercebendo-me das coisas, principalmente que tudo caminhava para a solidão. Para ser sincera a solidão já me acompanhava desde muito pequena, mas sem aperceber-me, talvez porque era tão criança como eu. Juntas vimos amigos partir, pessoas que não sabíamos ainda que se tinham ido embora da nossa vida, não porque tivesse havido algum desentendimento, mas porque o tempo quis que crescêssemos e que seguíssemos a nossa vida.
Todos acabamos por dizer adeus, porque a vida é um eterno adeus.
Nunca fui muito bafejada pelo amor, no entanto sei que a minha auto-realização (tal como a de qualquer ser humano normal), é amar e ser amada, mas até mesmo o amor caminha para a solidão.
Não sei a resposta que se afigura perante mim, apenas sei, que caminho continuamente para a despedida. Gostava imenso de ficar presa a alguns dos momentos agradáveis...
Entre palavras e pensamentos já passei os vinte anos, e respondendo àquela criança de oito anos, que embora já crescida nunca deixou de ser quem era (eu), apenas lhe digo que continuo no mesmo local onde nasci e vivo, sentindo que nunca deixei de ser realmente criança, apenas o que me rodeava mudou, caminhou para a despedida.
Também eu vou caminhar para o adeus, sem nunca esquecer-me de que a minha casa é onde está o meu coração.


Gatopreto

 
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Gatopreto
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Enviado por Tópico
Kolthar
Publicado: 05/09/2011 22:26  Atualizado: 05/09/2011 22:26
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 Re: 5/2/2010
Um lindo e humilde desabafo