ÂUSÊNCIA
Se eu morresse amanhã,
Quem choraria minha ausência?
Seria um choro sentido
Ou seria a premência
De mostrar um desagrado
Pela curta permanência
Nessa vida que oferece
A quem sabe a vivência,
O desfrute, a alegria,
A paixão, a evidência
Do prazer que se recebe
Como por aquiescência
Do universo que provê
Toda a magnificência
Àquele que ainda em vida
Percebe o amor, a opulência,
E não um estado latente
Como se fora dormência,
Uma ausência de si mesmo
Parecendo negligência
Em transbordar sua taça
Sempre pedindo indulgência
Não se sabendo vivente
À beira de uma demência
Não vivendo por inteiro
Não vivendo a excelência
Esperando que o outro
Chore sua contingência,
Sua ânsia,desvario
Essa sua incoerência
Em não encontrar dentro dele
A resposta, a querência,
Em buscar que outros olhos
Chorem por si sua ausência.