Profissão: Poeta nas horas vagas
As horas batiam nas pedras das calçadas
Eram ignoradas e os seus bolsos rasgados
Calças alinhadas, bem vincadas, reluzentes
Tem que ser para a sua profissão de poeta
Mandaram registrar a carteira profissional
Não, existe categoria assim, não tem como
Ele, o poeta, passa horas no café, observando
A vida, gentes, situações e todas as caras feias
Em casa do poeta, não existe a cesta básica, não
Ali, todos ralham e ninguém tem razão, choram
A mulher lava roupa e arruma as outras casas
Para que ninguém passe fome, cansada, mas feliz
Ele, o poeta, sai com o seu fato bem escovado
Ela faz questão, ela tem vaidade do seu marido
Na noite os dois são unos e unidos no seu amor
Ele a deixa dormir, observando-a com tanto amor
Sente-se impotente por não ter uma profissão
Registrada em carteira e que vai ser dela um dia?
Resignado, ele se inspira na esperança de um dia
Ser famoso, editar seus livros, alguém os irá ler
Que seus versos apaixonados, sejam proclamados
Na boca dos maiores apaixonados, no auge da paixão
Quem sabe se apenas, será proclamado um vencedor
Antes, de ser colocada aquela lápide fria e mortal
Do fim da sua linha, onde o trem segue viajem
Bem para lá da outra paragem, não, por favor!
Não coloquem nos meus poemas!
Autor Desconhecido...
Betimartins
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