A sinistra sombra do meu passado.
Eram dez horas da noite, tudo já estava no maior silêncio, coloquei o relógio para despertar bem cedo às cinco da manhã, rebolo na cama sem conseguir dormir, aquele barulho estranho estava a irritar, parecia algo batendo na madeira, levantei por mais que uma vez e nada eu vi ao não ser que sejam os meus gatos, mas eu fui ver e eles estavam dormindo.
Revirava, levantei peguei num livro de comecei a ler, mas nem isso ajudou, pois aquele ruído estava insuportável de mais. Tentei não pensar no assunto e liguei a TV e adormeci seria pelas três horas da manhã, o despertador toca e eu não queria levantar de tão cansada que estava, levantei, tomei meu banho e sai para trabalhar. Sentia dores fortes na cabeça, o pescoço doendo, as costas pesadas, todo o corpo me doía por demais.
Voltei mais cedo para casa, abrindo a porta, eu vejo tudo de pernas para o ar, naquele espaço de segundos eu pensei “roubaram a casa”, olhei mais profundamente e vi os gatos estranhos se atirando as paredes, eu vi o que estava partido e derrubado foi serviço deles.
Naquele momento senti um calafrio pela espinha, apenas queria fechar a porta e a abrir de novo e estar tudo direito, mas não tinha que entrar e arrumar tudo e apanhar cacos e repor aos poucos o que eles partiram.
Já estava tudo limpo arrumado, fizeram muitos estragos, eu apenas rezava que fossem os últimos senão não sabia o que fazer, eu dei a sua comida, estava tudo perfeito, tinha a água fresca e seu caixote devidamente limpo, o estranho é que eles não paravam de miar como se quisessem chamar atenção de algo.
Fiz o meu jantar coloquei musica alegre para espantar os meus pensamentos, não queria pensar no porque de tudo o que estava acontecer na casa, tomei duas aspirinas bem fortes e um calmante leve para descansar um pouco a mente. Batem às dez da noite, já estava quase dormindo e volto a escutar o ruído ainda mais forte, abro os olhos e olho para frente da minha cama, era dali do guarda roupa embutido, agora era mais forte, levanto-me e abro as suas portas e nada, Bianca e o Pipoca correm para dentro dele com os bigodes alertas, nada ali.
Eles voltam para a minha cama, não me deixava sozinha, pareciam que estavam com medo, olhando para ao ar e cheirando estranhamente. O barulho parou, pensei graças a Deus vou poder dormir, dei voltas na cama e ajeitei-me e estava quase dormindo, senti algo passar no meu rosto, era gélido, estremeci, levantei-me e vi a Sombra ir para dentro do guarda roupa.
Queria gritar, queria sair da cama, minhas cordas vocais estavam congeladas como aquele toque em mim, que fazer quem iria acreditar em mim a não ser os gatos? Ninguém diria que eu era louca e insana, também não tinha para onde ir, os colegas do trabalho iriam fazer troça de mim caso eu contasse o que estava acontecer.
Levantei-me, liguei as luzes da casa toda, não queria escuridão, ela me fazia ter temores de frio e pânico, estranhamente a casa tornou-se fria, densa e pesada. A casa do vovô, que já estava na família há muitas gerações.
Eu tinha escutado falar de fantasmas, mas nunca acreditei, nunca mesmo, achava que era um conto de historias fantástico e nada mais. Eu tinha algo em casa, algo sinistro e mau por momentos tremeu, meu coração bateu pesado, teria que enfrentar e sozinha este fantasma.
Foi ver os livros do vovô ele tinha um arsenal de livros de ocultismo, nunca quis ver nada daquilo, mas meu pai sempre me falou que nunca desfizesse deles, pois era legado da família de gerações antigas. Passei a noite lendo partes de alguns livros, não conseguia entender nada de nada, nem os símbolos e nem as explicações para cá para mim eram fantasiosas demais.
Estava amanhecendo, eram horas de fazer um café bem forte, teria que ir trabalhar ir para o meu quarto metia medo, abrir as portas do guarda roupa ainda mais, o fiz, mas tremendo de medo e assustada que ela coisa gelada tocasse de novo.
Cheguei de olheiras fundas, ar cansado, desgastada já era o segundo dia sem dormir, meu chefe preocupado veio falar comigo:
- Melissa está acontecer algum problema em tua vida, nós podemos ajudar? Fale que estamos aqui para isso.
Eu meio atrapalhada e sem jeito, abanei os ombros e disse:
- É apenas um distúrbio no sono, estou sem dormir a dois dias só isso.
Compreensivo ele ordena:
- Largue toda essa matéria só vai sair na próxima edição e vai para casa descansar tens três dias para isso e mais o feriado. Aproveite e acabe em casa será menos penoso para si.
Agradeci, coloquei toda a matéria num cd e claro que fui para casa, pensei vou dormir um pouco agora de dia. Aliviada e feliz, passo pelo supermercado e faço as compras para aquele fim de semana perlongado para que pudesse ler e aprender o mais rápido possível, passo pela casa de esoterismo, compro algumas velas e outras coisas pequenas coisas insignificantes.
Ligo meu PC, faço algumas pesquisas sobre tudo que é relacionado com fantasmas, escolho alguns livros do vovô e claro dentro da minha ignorância, eu acho e penso que vou mandar a sombra embora da casa.
Acendo incenso, pego num recipiente branco com água e coloco três colheres de sal, vou defumar a casa e ler umas orações, sozinha, com algum medo ganho coragem e lá vou eu naquela aventura do desconhecido..
Os gatos sumiram, não sei onde se esconderam estranho não será que eles saíram sem eu ver, se assim for, logo eles regressaram a casa de novo. Melhor assim certamente iriam se assustar com tudo aquilo, eu respirei fundo e comecei a ler orações pela casa, deitando água salgada nos cantos da casa, sentia um frio gelado como se alguém estivesse atrás de mim se divertindo, por momentos sentia tocar de leve no ombro, como se falassem, estou aqui.
A casa ficou gelada, o cheiro era estranho parecia que cheirava a enxofre, sentia um bafo pesado sobre meu rosto, sobre o meu corpo, os meus abraços estavam paralisados, meu corpo também, eu olhei para trás e vi aquela sombra atrás de mim zombando, o frio paralisou até as minhas pernas.
Meu Deus o que eu vou fazer? Será que eu brinquei com coisas serias e agora as coisas vão ficar bem piores. E ficaram para o meu meio maior pesadelo, aquela sombra seguia por todos os lados, quando eu rezava, ele se divertia a estourar com luzes, coisas de vidros e até os quadros caiam ao chão e se partiam.
Que poderia eu fazer contra tanto poder daquele fantasma, nada, ele cominha na minha direção, eu começo a ver claramente seu corpo, seu jeito de vestir e seu rosto, era um velho vestido com uma batina como de um padre, chapéu redondo e estranho, parecia saído de séculos atrás, seu riso era diabólico, as suas mãos vinham na minha direção, ele as coloca em meu pescoço, apenas consigo escutar sua voz horrenda:
- Não adianta fazeres tudo isso, tu vais comigo, vais comigo eu prometi vingança, tu és a minha vingança esperei estes séculos todos e vais comigo. Eu te amei como ninguém e um dia tu fizeste pouco de mim, sem ninguém saber, tu colocaste veneno e eu morri e tu, viveste muitos anos te rindo de mim e do meu amor.
Eu estava gelada, aquele cheiro a podridão era real, o sufoco no meu pescoço era real, sentia o gélido das suas mãos. Eu queria dizer que ele estava enganado que não era eu, mas as palavras não podiam sair da minha boca.
Deixei cair a tigela, as orações, estava ficando sem força, meu corpo estava sendo sugado por algo desconhecido.
Escutava ele rindo diabolicamente e dizendo:
- Vais comigo, estarás comigo na escuridão, eu não te perdoei e estive sempre esperando pelo dia, faz hoje 400 anos que tu me assassinaste e hoje vens comigo fazer a festa.
Eu estava sem ar, lentamente perco os meus sentidos, sinto a flutuar como se soltasse do meu corpo, a sombra estava ali comigo, ele me leva consigo e vai embora, olho para trás me vejo morta no chão da minha sala. Os seus gatos ficam a lamber, na esperança que eu acordasse.
Um túnel escuro sem luz, aquele voz, eu a conhecia sim, meu Deus, lembrei quem eu fui a séculos passados, gananciosa, fria e calculista, lembrei-me dele e do seu amor por mim, naquele momento eu revivo tudo o que lhe fiz. A sua morte foi agonizante, eu ria dele e falei o que lhe fiz e o vi a sucumbir até não respirar, lembra-me que o matei para ficar com o meu amante. Ele cumpriu o que me prometeu, lembrei-me das suas palavras:
- Eu vou atrás de ti, posso esperar séculos e eternidades, mas eu vou me vingar e te trarei comigo para o inferno.
Passaram-se duas semanas nem noticias da Melissa, ligava do trabalho e nada, seu chefe decidiu ir a sua casa, viu tudo com luzes ligadas, um cheiro estranho, vindo da casa.
Deu a volta pela casa e viu através de uma cortina ela estendida no chão e morta, estremece, em pânico chama a policia.
O espetáculo era aterrador, eu já estava sendo devorada pelos gatos que estavam com fome, minha carne já estava decompondo, os bichos nojentos eram demais, agitação era muita e com isso a policia chama os detetives para fazer investigações, mas um detetive falou;
- Alguma estranha aconteceu aqui, alguma coisa tipo adoração ou algum ritual de magia negra que a meu ver nunca vão aparecer os culpados.
Ninguém chegou à conclusão nenhuma. O caso fechou sem ser resolvido, arquivado por falta de provas e apenas leram no meu diário que eu via uma sombra atrás de mim nada mais, que estava pesquisando sobre o oculto e pelo meu trabalho eu talvez tenha me metido em alguma encrenca...
Processo n. 666.666 Arquivado por falta de provas, inclusivo.
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Re: A sinistra sombra do meu passado.
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