Quase todas as histórias de donzelas e contos de fadas que conheço começam com um: “Era uma vez…” Esta minha história começa com um quase! Num outro tempo, numa outra dimensão, quase foi a palavra de ordem!
Quase todos os dias, ao levantar, aquela miudinha de olhos de azeitona pedia, cheia de esperança à água que lhe limpava o rosto um pouco de felicidade. O brilho no seu olhar era contagiante. Saía porta fora, aos pulos, qual corça à chuva e corria… corria! A ânsia de agarrar qualquer coisa entre as nuvens do céu e o cheiro a terra molhada era tanta que corria sonhos acordada, dia após dia! Sonhava apenas uma coisa: Ser feliz!
Como em todas as histórias onde reina “um quase”, ela quase que o foi. A vida não lhe sorria mas ela abraçava-a com carinho e esperança, com força de viver! Era uma lutadora, uma guerreira! …e quis o destino que lhe passasse pelas mãos todos os seus desejos mais secretos. Mas era uma criança, mesmo mulher feita, continuou iludida nos castelos que construíra e, dos desejos, sobraram apenas as sombras.
Acordou um dia sem lençóis de malmequeres, sem borboletas para caçar e sem as melodias do silêncio do campo. Acabaram-se os desejos ao espelho! A mentira e o medo invadiram-na demasiado tempo, agora resta-lhe apenas o gosto amargo da solidão e o quase de quase ter sido feliz!
cdjsp