Abílio era um dos muitos filhos de um casal de anões, que por acaso cresceu um pouco mais que os outros irmãos, ele não teria mais de metro e quarenta centímetros, estatura magra e rosto esguio, nada tinha a ver com os seus irmãos que eram completamente diferentes, segundo as más línguas diziam que o pai era outro homem.
O povo o chamava de Bino, o projeto de gente, ele era bastante engraçado, divertido e não se chateava com os nomes e com a gozação que faziam dele, fez a escola, o curso médio que por vezes os filhos dos senhores doutores nem conseguiam fazer e claro arranjou um excelente emprego.
Ela tinha um sonho o de viajar muito, apenas o seu sonho se concretizou, diria que em partes, pois ele se tornou no mais famoso cobrador de bilhetes dos autocarros de uma cidade. Não tinha nem colegas, nem concorrentes que não o conhecesse, ele era querido por todos os clientes, a melhor parte era quando ele bebia umas cervejinhas a mais e cantava o fado em serviço, já existia gente que até faziam o percurso para escutá-lo ou então declamar versos de Fernando Pessoa, quando ia uma garota bem interessante oxigenada e cheia de avantajados peitos. A Rosita era uma empregada de um bar na cidade que além de empregada gostava de fazer alguns favores aos clientes, ensinar anatomia na mais recente moda, ao natural, ao vivo e a cores, ela era mais conhecida que o Do Afonso Henriques o fundador de Portugal.
O Bino arrastava uma asa para a garota, segundo se sabia ela não gostava nada dele, sempre respondia mal e dizia que não queria saber se uma amostra de gente que não ia ser o guarda roupa e ele a cabeceira da cama.
Todos desatavam a rir de todo isso, por causas dessas indiretas o Bino lá bebia mais umas cervejas e uns copos de vinho rose e claro que isso logo, acalmava seu coração. Nada que uma boa bebedeira não curasse, mas ele dizia:
- Um dia eu ainda vou domar aquela égua mal parida, vou ganhar o loto e vou ser rico e ai ela vai ser a mulher mais bonita da cidade de Guimarães.
Todos diziam que ele estava certinho e logo ofereciam mais umas cervejas e o ponham a declamar poesia, claro que ali já era do Zé Povinho, o poeta dos pobres que falava verdades, mas era banido na ditadura. Ali nem policia nada fazia, pois eles gostavam por demais daquele palhaço, um dia decidiu ir nu em pleno Toural, bêbado ele chamava a Rosita, dizendo que ela ia amar aquele corpo esbelto e atlético. Nunca mais esqueceram aquela cena cômica vista por todos que estavam passando tempo nos belos jardins, claro que houve fotos e muitas apostas feitas ali.
Existia mesmo perto do bar da Rosita um quiosque onde se faziam apostas de jogo, um dia completamente bêbado ele gastou parte do seu ordenado em apostas, não é que ele ganhou um dos maiores grande prêmios saídos em Portugal.
Logo o Bino tomou um banho de roupas novas, saiu do emprego, comprou uma casa de fazer inveja ao mais rico e claro o mais recente Mercedes e um motorista para levá-lo para todos os lados, colocaram tantos anéis de ouro quase não sobraram dedos da mão, belos relógios e claro que não desistiu da Rosita.
Ele tanto insistiu e a encheu de presentes que a |Rosita sempre aceitou se casar com o Bino, a festa foi de arromba, claro que pitoresca e cheia de gente engraçada, Bino era o homem mais feliz do mundo, com a sua Rosita do seu lado. Ele se esqueceu que ela o podia trair com o seu motorista e claro levou-lhe o dinheiro todo e vendeu-lhe todas as suas propriedades.
Bino morreu pobre como nasceu, morreu a fome e ao frio pelo descaso de um amor vadio.
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