Abro a janela e sinto o perfume
Das flores de mil cores que se entrelaçam
Da sua graça sinto ciúme
Dessa ternura com que se abraçam
São frágeis e puras paletas de cores
São promessa de sonhos a quem vai nascer
São cânticos que falam de eternos amores
São escravas das mãos que as irão colher
Quem me dera ter tamanha beleza
E que pudesses ler no meu triste olhar
A sede da vida que me atormenta
Sentirias bem a minha incerteza
De no teu peito eu desabrochar
Numa primavera de que estou sedenta
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
Sophia de Mello Br...