Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
TABACARIA poema do heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos
Gosto…
De sonhar todos os sonhos que sou capaz de agarrar…
Da mulher violentada que ainda sonha com um grande amor…
Do homem velho ainda carregado de sonhos…
Da criança que sonha, sem saber o que isso é…
Das pessoas que conseguem voar sem asas…
E das que de mãos vazias sonham…
Do gato que olha não sei para onde e parece sonhar…
Daquele olhar que parece parado e caminha no sonho…
Dos pensamentos num estado de sonolência…suspensos...
Gosto…
Do sofrimento que se torna leve…
Da liberdade dentro da prisão…
Do homem pobre que já não quer ser rico…
Do esforço que cria sem ambição…
Da morte que passou a ter o mesmo sentido da vida…
Das lágrimas que se misturam aos risos…
Do sábio que sabe que é ignorante…
Do ignorante que não se esconde…
De todas as histórias de amor…
Do silêncio que vem depois da música…
Do meu voo de amanhã de manhã…
Gosto…
De ficar a divagar por dentro de mim…até me esquecer de mim…
AGOSTO - 2011