Os dias agora correm mais suaves, o ar foi despressurizado, o respirar sinto-o como cheio. Também há dias tempestuosos, mas esses fazem visitas aleatórias, por vezes nem ficam o dia todo. Dias preenchidos, dias por preencher. Tardes, noites, manhãs a meio gás à espera que desenrosque a sua saída, em bilhas antes vazias. Salteio entre arrastões fogosos e meditações asténicas. Pêndulo entre a inércia e a cinética de forma não pendular, inconstante.
Tenho a música como melhor amiga, acompanhando-me onde quer que vá, mesmo que não saiba bem para onde vou. Estou quase como quero estar com o sentido posto na epifania que sempre esperei, ainda que meramente racional. Caminhos antes difusos e mal demarcados, ilusórios, desaparecem agora dando lugar ao nada vasto, um jardim Zen onde posso manipular o arado construindo trilhos, um deles destacar-se-á.
Os dias já não vão vagarosos, caminham comigo a par e passo e o meu passo é difícil de acompanhar.
Os dias agora vão passando, em vez de exasperando languidamente como se observasse e acompanhasse o nascimento e desenvolvimento de uma planta sem parar para dormir.
Os dias que se revelam noites, durmo-os, ou simplesmente aproveito para olhar momentaneamente o firmamento como que me despedisse com um até amanhã. Os dias não são mais brilhantes, nem exímios. São simplesmente dias.
Finalmente dias.