Já canta o galo, desperta cedo o miudo de troco as riscas com as costelas timbradas na pele desnutrida; acende o tabaco a velha de catete viciada no fumo, apressa o passo para a paragem o pai operário, arrisca a vida na madrugada a mãe quitandeira a procura do ganha pão...e nós as crias ainda sobre os panos inundados de mijo mostramos no rosto as sequelas da fome que jantada na noite mal durmida, a discussão entre as fofoqueiras da area começa cedo, a estas horas o assaltante já se rendeu as cordas do vizinho mais rude...o sabor do cheiro da comida de ontem que queima por baixo na panela bibiana já enche o estomago de quem passa pelo beco do vizinho...os cunangas armam-se, dos trocados roubados do avental da esposa que sofre na zunga serão adquiridos calices a transbordar de kapuka e kimbombo para esquecer as malambas da vida...e assim vai o bairro, assim vivem os povos do bairro do poeta analfabeto!
Delson Neves