Não consigo descrever
A força com que me agarro
Ao inexplicável prazer
De fumar um cigarro.
Curioso, experimento
Assim se começa, presumo
Se o hábito alimento
Depressa me acostumo.
Dá-me um para acender
Este vício que assumo
Faz mal, devem saber,
E nem sei porque fumo.
Não teimo nem aposto
Na mão que lhe empresto
Um fumar porque gosto
É já a força dum gesto.
Reflecte-me no rosto
Um bem estar desonesto
No pulmão um desgosto
Falta de ar manifesto.
Sou do povo viciado
Essa classe masoquista
Um coração maltratado
À espera que desista.
Mas quem se farta
Do pequeno e desejado
Que tanta gente mata
E não vai condenado.
Ironia, ao continuar
Queimando falsa esperança
Na vontade de travar
Este prazer que nos cansa.
bloackt:
Nascer para ser feliz