Uma vasta planície se estende diante dos meus olhos
No horizonte as montanhas se diluem nas nuvens
Grito, e escuto o eco anunciando a minha solidão
Embora eu veja muitos homens caminhando em grupos
Só
Estou só
Irremediavelmente só
Terrivelmente só
Felizmente só
Inútil contar com os cães
Ou com os guardas das estradas.
Ainda pouco um raio de sol criou reflexos numa pedra
E a minha alma farejou uma emoção trazida pelo vento
Minhas mãos como garras
Fixaram-se na pele de minhas lembranças
Fonte perene do alimento que nutre meu ser
Caminho contra o vento
Para não espantar minha presa
Mesmo assim não sacio a minha fome
Porque além dos montes a planície continua
Crescem as árvores ao meu redor
E logo a floresta engolirá a luz
Os lobos e os chacais deverão surgir
E serei apenas uma folha seca levada pelo vento
Só
Terrivelmente só
Felizmente só
Para poder ouvir a Terra gozar
Excitada pelo pó da minha carne