Maria Melancia
Leva exposta a canastra
com enormes melancias
Vai sonhando poesias
e anunciando o pregão:
Fruta madura!
Venha aqui, pode apalpar!
São grandes, não há azar!
Oh freguês, coloque a mão!
E a Maria,
decote até ao umbigo,
mesmo assim não corre perigo
de alguma delas cair
Estão acamadas
bem presas e espalmadas
molengas, esborrachadas
não têm por onde sair
E agora à noite,
com isso da internet
diz que marmanjo se mete
e é muito assediada
Resta saber,
quem anda a arremeter
se o marmanjo a quer comer
ou é ela a esfomeada
Diz-se rainha, quem diria
mas seu escrever durante o dia
deixa muito a desejar
a contar como gemia
em versos de pornografia
não há nada que estranhar
E na moda das cuecas,
essas de fio dental
pensou: onde está o mal?
Vou também experimentar!
Imaginem o sarilho
p´ro fio dental usar
as pernas de muito quilo
não conseguindo enfiar
Mira-se ao espelho
com a tal canastra ao peito
e vá de pensar num jeito
de as frutas encolher
Se diminuídas
mais fácil de ser metidas
como também de as vender
E num aperta,
esmaga, torce, repuxa
com a canastra de trouxa
não havia solução
Inda pensou
que foi Deus que a castigou
porque é que não lhe ofertou
ou meloas ou melão
Pobre Maria,
acredita que um dia
toda a sua poesia
irá ter boa projecção
e com a fruta melancia
ajeitada em cirurgia
melhor será seu pregão
E não acredita
que o freguês que a visita
só lá vai de coisa aflita
p´ra aliviar... a tensão
E vai pensando
quando está na brincadeira
que quer ser até cavaleira
tanto o gosto em cavalgar
Que nem lhe é mau
que o cavalo, seja pau
chega bem para excitar
E até jura…
que a tal coisa meio dura
é Pégaso, o alazão
e que nele está a voar.
Herlânder Lobão