Me deitaria em algum palavrão bem colocado pra dizer o quanto gostei. Deixaste aqui um prato de poesia que me deu água na boca. Mesmo que digas que a tenha comido...
Não há melhor elogio do que inspirar outros a escreverem. Agradeço como sei, partilhando esta pequena história, sobre elogios.
Quando eu tinha doze ou treze anos, época em que lia Eça de Queiroz e ficava horas impressionado como ele dividia as orações, tive um professor que, furioso, me acusou de copiar livros no que eu escrevia. Então, ele pôs-me sozinho fechado numa sala, com trinta minutos para eu escrever sobre o que quisesse. Esperou de pé. Não me lembro do que escrevi. Ele pegou no papel, mal lendo o que eu tinha escrito e preparava-se para me dar um sermão da montanha por plágios grosseiros. Mas foi lendo e o rosto dele foi mudando, começou a ganhar atenção no que eu tinha escrito. Ficou sério e foi dizendo evasivamente, enquanto lia: «sim, sim..» Depois virou-me a cara, foi sentar-se na secretária e disse sem olhar-me: «podes arrumar as coisas e ir-te embora.»
Desde esse dia, eu aprendi a escrever e a ir-me embora.