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NADA FEITO

 
Tags:  solidão    nada feito  
 


Gê Muniz

NADA FEITO

Um tempo de nada feito, sobra
justo nessa face de tez afligente
à luz d’um desumano pranto qu'evapora.

Lá fora a rua freme indiferente
aos pneus às pedras, à horda.
O peito esfacelado acusa, ressente...

Nasceu o inclemente dia, a derradeira hora.
Já vigora um desenredo reticente.
Um futuro de tristeza acesa me cobra

a desobra onde cá cheguei
- previsível esse fecho de história -
provei do vinho jovial que avinagrei.

Acordei. Às mãos, o que não vingou.
Às íris, reflexos baços do que não verei.
No presente, a paz que jamais triunfou.

Crepita o flou d'uma chama raivosa.
Dilapida-se o precário pavio que sou.
Cuspo cinza, bruma, solidão horrorosa...

Catingosa carne abre-me erros à palma.
Medra, doentio, o talo d’uma infausta rosa
- o cerne da indecorosa solitude - minh’alma
 
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GeMuniz
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Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 16/08/2011 04:49  Atualizado: 16/08/2011 04:49
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: UM TEMPO DE "NADA FEITO"
"o cerne da indecorosa solitude - minh'alma
me cobra,
pranto que evapora
o peito esfacelado acusa, ressente
Acordei.
paz que jamais triunfou
chama raivosa
cospe cinza, bruma, solidão horrorosa...
Abre-se,de erros à palma
(N)Um tempo de "nada feito"

Dor...senti...Excelente o texto

Abraço te amigo Poeta


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/08/2011 11:54  Atualizado: 16/08/2011 11:54
 Re: NADA FEITO
Que texto lindo meu amigo Poeta...como gosto de filosofar, diria que o poético desvela a angústia de ser finito temporal...nem tudo pode ou pode ser FEITO... Parabéns, gostei mesmo.

Bjs,ALICE