Se eu pudesse pelo menos explicar,
Ou quem sabe simplesmente dizer
O quanto me atormenta
Este silêncio ensurdecedor,
No qual sufoco e morro…
Se eu pudesse pelo menos descrever
Esta claustrofóbica sensação,
De quem está eternamente a morrer…
Se eu pudesse gritar,
Como outrora gritei,
Sem temer e sem nada,
Com nada…
Por nada!
Só para sentir o vento parar,
E eu passar a ser vento
E o vento passar a ser nada…
Quem me dera ser tudo
E nada ter que ser,
Correr pelo céu
Sem parar,
E só parar ao morrer…
Quem és tu que vives dentro de mim
E me fazes sofrer?
E quem sou eu que to permito
E continuo a viver?
Eu sei que apenas pertenço à morte,
Que me espera paciente
Ao virar duma esquina qualquer…
Mas sei também que posso ser quem eu quiser,
Pois nada sou,
Sou apenas aquilo que tu fizeste nascer…