Não, eu não! Eu não quero nada, exceto gritar, e gritar!
Ainda que haja a ameaça iminente de uma sucumbência geral do mundo, nem assim eu ia querer... nada!
O quê, que coisa, que ser mereceria ser desejado por mim, senão aquele amor que se esvai na madrugada, e me deixa assim, exaurido, sem noção de tempo?
A desgraça de viver estes tempos perdidos, de malditamente viver a repetente fraqueza que se é a cada instante de incerteza irrompe nas veias, corre viva e à solta no sangue, é atávica desde sempre!
Oras... Mas é só um grito, um grito só, e mais nada... Um grito vindo desta garganta já seca, seca, pois toda a bebida que passou deixou nada mais que o desespero, sim, o desespero e a vontade de mais, e mais, mesmo sabendo que o mais que viesse não amenizaria a angústia!
Um grito só... só um grito que morre antes da esquina e não chega a incomodar ninguém...
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[Desterro, 12 de agosto de 2011]