Hoje acordei pensativa, talvez duvidando da minha própria imagem
Ao olhar o meu rosto no espelho da imaginação, procurei-me dentro de mim
Encontrei-me em um semblante sincero e sofrido, que apesar de abatido brilhava como luz intensa;
Então me perguntei o porquê desta tua conduta leviana;
Quando sentastes perante o tribunal das ilusões e fizestes um pré-julgamento em tua consciência
Não te importastes com o meu direito de defesa
Ao contemplar o meu semblante diga-me o que é que o teu olho te traduz?
Por ventura te acredita o que vês em tua frente?
Como podeis julgar a beleza de uma rosa sem amenos sentir o seu perfume
Não reconheces o ouro quando pisa os teus pés?
Por não teres a capacidade de antes tentar lapidá-lo;
Deixando assim escapar o brilho pelas tuas mãos
Quem és tu que observa e julga aparências?
Ou tens a soberba em teu peito a ponto de dizeres que em tua vasta jornada conheces o segredo de uma mulher?
Então me diga o que sinto quando olhas em meus olhos?
Quando toca as feridas no meu corpo?
Com toda a tua experiência não ouvistes dizer que o caráter é a porta da razão;
Colocastes-me diante de falsos juízes, recém formados na escola da vida
Entregastes-me nas mãos de promotores desonestos, quão colecionavam derrotas em seus currículos questionáveis não reconhecidos perante a sociedade da razão;
Porém como advogado de defesa, a ti, apresentou a transparência de minha alma
E não encobri da tua visão o que vestia o meu exterior
Porém na tua indulgência, não destes a ti mesmo a oportunidade de buscar no mais profundo oceano do coração de uma mulher as chaves para abrir um baú de sonhos;
Não acreditastes em teu potencial ao ignorar a tua própria reputação
Planejastes um cortejo fúnebre em teus pensamentos, a menos que tenhas enterrado a ti mesmo em tua própria concupiscência;
Lembre-se ao entrar em juízo pela aparência de uma mulher, por mais que tenhas uma promotoria competente, baterás de frente com a derrota;
Saberás que jamais poderão condenar os sentimentos de uma mulher, por não terem provas o suficiente, e mesmo que testemunhes falso, não poderão entrar em um coração para julgar o que ele sente;
Se passares por mim e não me veres, não voltes a procurar por mim novamente;
Estarei escondida nos mínimos detalhes ignorados pela pobreza dos teus olhos.
Marcelo Henrique Zacarelli
Carta oferecida há certo Sr Advogado, após ignorar certa pessoa pela sua aparência em decorrência ao seu caráter. Em defesa de C. Ribeiro dos Santos.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Itaquaquecetuba, Abril de 2002 no dia 18.