Uma jovem juíza
no exercício de sua nobre função
é alvejada na porta de entrada
de sua morada.
Quando retornava após longo dia
para reencontrar sua família
a tragédia tem ares de brutal crueldade
atribuída a grupos de extermínio
A criminalidade
beira a uma situação
de banalidade
e descaso público.
Milicianos,
mafiosos,
malfeitores
estão soltos.
Reunem o que há de pior
no rasgado e débil tecido social
na esteira de práticas criminosas
muitas vezes com cumpricidade de políticos
Em quem confiar?
Quem é, de fato, autoridade?
Tá tudo mesmo dominado
pela crime organizado
Não me venham com cosmética
É clara a aritmética (da violência)
Não há limite, nem razão
Pra entender tal vazão
A juíza cumpria seu ofício com ação
Coragem, competência e destemor
Mas, o Estado não lhe concedeu proteção
Pra sociedade da bandidagem defender.
Sob a toga da injustiça
Armada até os dentes e impune
Tomba a nobre defensora
Da lei ultrajada de forma insolente
Se nem a juíza marcada para morrer
Escapa à cilada premeditada
O que então dizer
Do simples cidadão na mão da marginália?
AjAraújo, o poeta humanista, escrito a propósito do covarde e cruel assassinato de uma jovem e promissora juíza em Niterói, em 11 de agosto de 2011.