Textos -> Desilusão : 

Caderno...

 
Pisei e coloquei naquela folha de um pequeno caderno que guardo naquela caixa debaixo daquela estante que tenho em mim... Não é um caderno qualquer, é um caderno que me permite colocar todo o tipo de coisas desde letras a desejos e estrelas... Cada palavra cada acto tomado e feito...cada aparte de uma vida atribulada com concerto de corpo e alma se encontra lá escrito...já são menos as linhas que tem do que as folhas que faltam.. Sempre que me lembro pego na minha pena e escrevo... não é uma pena qualquer é a pena da minha alma... Porque tu tem pena, mas não há pena como a da alma... Escrevo palavras belas e ricas de amor e felicidade, mas ele só chora e fica húmido...Esteve a chuva? Sim esteve a chuva da perda de atracção... Este caderno que tem subscrito... memórias da minha vida... não passa somente de algo que tento guardar em mim. Ele próprio fica admirado pela forma como tento exprimir a minha felicidade, porque não uso palavras que são minhas, mas que são da minha alma... É um caderno que me deixa escrever até me escapar aquela pena que tinha para escrever...Tantos lamentos e lamurias que escrevo naquele pequeno mural que ele tem, será mesmo pequeno? Nem por isso, ele é de tal forma grande que para se conseguir atravessar tem que correr muito para se conseguir alcançar aquela imensidão de palavras e actos que me conduzem a procura de mais e mais... Naveguei por aquele rio de linhas e contra linhas que havia naquele caderno só para conseguir escrever algo que me afogava o coração... E consegui... Consegui transpor aquelas linha e contra linhas, consegui derrotar o meu próprio entendimento, a minha própria vitória, para que aquele caderno que se contra debaixo daquele objecto, fosse só meu... Derrotei algo que em mim me massacrava e derrotava... Derrubei alguns lugares daquele caderno para assim conseguir escrever... Porque não há nenhum caderno como aquele que eu tenho... Não há nenhum que me deixa escrever como aquele... Mas acima de tudo não há nenhum caderno que me ouça e me ajude... Fica bem caderno... Fica bem...

 
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andrelipx
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/08/2011 01:35  Atualizado: 13/08/2011 01:35
 Re: Caderno...
Cada um tem um caderno onde exalta as alegrias e os amores ou sepulta as tristezas e as dores! Parabéns!


Enviado por Tópico
P03tiza
Publicado: 14/08/2011 15:05  Atualizado: 14/08/2011 15:05
Membro de honra
Usuário desde: 14/07/2011
Localidade: Lisboa - Portugal
Mensagens: 240
 Re: Caderno...
André, muito boa tarde! (:

Muito interessante, gostei muito, como sempre, é inevitável(:
Poderiamos ver esse caderno como um livro incompleto, de bolso constantemente em mudanças, com memórias e registos de toda a nossa vida? Então podemos dizer que é de memórias. Se o dissemos porque não ver esse caderno como a nossa memória? Foram exactamente estas as perguntas que coloquei e assim vejo esse caderno, como o coração da tua memória. Como se fosse as placas de memória de um computador, aquela peça essencial para manter tudo 'vivo'. E assim escreves, na tua memória. Memórias gravadas apartir dos cinco sentidos, causadas pelas sensações e armazenadas naquele coração da tua memória. E nesse mesmo constam memórias muitos diversas que se contrapõem, tais como: (in)felicidade, (in)justiça, (in)util, (in)capacidade, (des)conhecido, (in)compreensão etc. Memórias constantemente perseguidas pelos seus malditos prefixos... e inevitávelmente adjuntas.

Gostei do facto de teres falado para o teu caderno. Na minha perspectiva é como se, se travasse uma batalha dentro de ti, em que falavas tu e as outras vozes.

É essa conversa com a nossa memória que nos faz entender que podemos trazer a realidade para dentro de nós e fazer com que seja eterna. Mas, nem sempre isso é uma vantagem... pois, por vezes esta mesma torna eterno o que a corrói... Como se houvesse nesse momento uma quebra de electricidade e o computador se estivesse desligado. Ao retomar a memória terá de combater o encerramento inesperado e recuperar os dados.

Bem eheh acho que já me começas a influenciar(:

É importante frisar que essa pena com que escreves é aquela que dá voz ao teu coração, é a tua alma, como tão bem disseste.

Abraços,
P03tiza/Rute.