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ANTONIO GONÇALVES DIAS

 
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ANTONIO GONÇALVES DIAS
 
 


10 de agosto de 1823
10 de agosto de 2011



Naquele dia nasceu a altanaria esquecida de Caxias
No mais completo dia 10 de agosto de 1823
Não marca na cidade da Princesa do Sertão - (10/08/2011)
Nem um coração que lhe dê um aperto de mão.
No albor do filho garrido que Deus tenha compaixão!





Torrão dos celeiros dos potes d`ouro
Soçobrada em gota de prantos caídos.
Eram homens bravios lusos quã`um touro
Defendiam as portas de Caxias – fidos
das portas d`algodão não eram mouros.
Eram os guardiões da Coroa bem cridos.

A vila contra o berro do Ipiranga
Fazem o bastião `os filhos de Lisboa
Das mil jóias por armas – negros das gangas
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

Bem ali... Bradava o sangue nas ruas
Torrão dos celeiros dos potes d`ouro
E as meninas Guanarés quase nuas
Na terra que foram suas – um tesouro.
E veio o vento - homem da Ordem de Avis.
Bastante armado até os dentes - Fidié.

João Manuel gritou versus Ipiranga
Munições nas janelas e palmeiras
Fidié com certeza chorou pitangas
Os Canelas finas ouviam asneiras
E a tropa brasileira com mangas.
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

João olhava a pança da dona Vicência
Era nona hora triste de abrir
O céu azul sem estrelas da inocência
Sair pelo mundo sem poder sorrir
Co`as colheres de ouro no caxixi.
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

A tal Rua do Cisco, ali chovi`em choros
Nega Vicência em total amargura:
-João! Não vá à luta. Não parta `em doçura
-Não Vedes a luz da única alegria?
João olhava a pança da dona Vicência
Era nona hora triste de abrir
O céu azul sem estrelas da inocência.
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

Tão Infeliz com a perfídia arrancada
Extraída do leal peito lusitano
Era uma hora da soberba aurora
Os céus com a lua se se entusiasmaram.
Abriram trilhas nas matas d`estrada
E dali vencia o comboio infiel lisboano
Nem mesmo as corujas avistavam.
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

Fidié aquartelado nada falava
Dom Pedro Primeiro de lá sorria
E o menino rei do Brasil orava.
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

Ó Feliz Sambaíba dos passos meus!
Foram marcados pelos passos teus
Meu Ouro Verde das palmeiras galantes
Desígnio do miúdo filho de Deus.
Ouviram os Guanarés nos mofumbos:
-Viva Tupã! Bem ali... Um brio nasceu.
Nas brenhas das palmeiras do Jatobá
Pobrezinha choupana - palhas minhas.

Na cancha da Boa Vista, João disse:
-Não lutei por minha Pátria. Ó Lisboa!
-Dei-te a vergonha ao teu pé sozinho!
-Hei-te abraçar até a Sé de Lisboa!
Cercados: Ninguém descia o Rio em canoas
Nem via o Piauí com arapongas.

João olhava a pança da dona Vicência
Eram as últimas horas tristes de abrir
O céu azul sem estrelas da inocência
Chorava nas palmáceas de um sabiá
O grito festivo com dor, João disse:
-Chamo-te de Antonio Gonçalves Dias,
O único e correto filho de Caxias.


 
Autor
Erasmo Shallkytton
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/08/2011 18:55  Atualizado: 10/08/2011 18:55
 Re: ANTONIO GONÇALVES DIAS
parabéns poeta, deste canto a Caxias.

e aquele abração bem Carioca.

silveiradobrasil

Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 10/08/2011 20:22  Atualizado: 10/08/2011 20:22
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: ANTONIO GONÇALVES DIAS
Boa tarde Erasmo, suas considerações fazem uma eximia homenagem a este bravo cidadão, parabens, MJ.