Estou vivo, embora silenciado
Pelas agruras que me são tantas
Na vida que me leva esgotado
Entre novos valores, deslocado
Por não haverem palavras santas.
Pois neste silêncio esquisito
Que em consciência me solte
Do jogo em que não acredito
E onde temo não ser expedito
Mesmo que a coragem me volte.
Porque o futuro me condena
A pensar que há tão pouco
Ou nada que valha a pena
Com uma vontade assim pequena
De entrar no mundo louco.
Esbarrando em contradições
Embaraço-me a um dilema:
Entre caras que não são corações
Ou palavras que não são acções
Qual o valor de um poema?
Por aqui, fico e me embalo
No meu cantinho modesto
Ao que oiço apenas me calo
Nem escrevo aquilo que falo
Foram sonhos de que sou resto.
tavico
Nascer para ser feliz