Sou o teu anti-príncipe.
De olhares safados,
De desejos explícitos,
De mastigares indiscretos,
De gestos vulgares,
De sonos indormidos.
Sou o teu anti-príncipe.
Do supérfluo ao necessário,
Dos momentos bons e ruins,
De poesias e rotinas,
De erudição e rudeza,
De sofisticação e ironia.
De carne e sentimento.
Sou o teu anti-príncipe.
O anti-ideal que tinhas,
O oposto desejado que sonhavas,
O teu anti-herói,
A presença incômoda
A te atiçar os sentindos.
Sou o teu anti-príncipe
Em sonhos pisados
Pela realidade,
A tua angustiosa saudade.
Sou o teu anti-príncipe.
Teu modelo de vilão
A roçar teu pescoço
Com minha barba
Que tanto detestas...
Sou o teu anti-príncipe.
O teu pirata e o teu bandido,
Teu grão-vizir e teu ladrão...
Sou o teu anti-príncipe.
Aquele a quem escondes que ama
E que ama fingir odiar...
Sou o teu anti-príncipe...
(Danclads Lins de Andrade).