É manhã, sou acordado
Por teu aroma invadindo minha narina
E minha primeira visão matutina,
É tua silhueta fina
Simetricamente posta ao meu lado.
Ah! De repente me invade um desejo
De executar, em braile, uma poesia
E eu, cuidadosamente, te tocaria
E de prazer, então, te acordaria
Em um doce e ardente beijo.
Meus dedos escreveriam odes inteiras,
Teu corpo será analisado morfologicamente
E tua etimologia decifrada minudentemente
Entre suores lascivos e carícias calientes,
Desnudaria todas as tuas fronteiras.
Teu corpo grafado por minhas digitais
Colapsará de desejos infindos.
Gemidos declamados como poemas lindos,
Onde todos os prazeres são bem vindos
A esta loucura incessante de nos querer mais...
O meu prazer no teu desaguando,
Pernas enroscadas, de prazer tremendo,
Olhos convulsionados, corpos ardendo
No ápice do hedonismo fervendo...
E nosso poema recitando.
E quando, o poema, chega ao fim
Nossos corpos satisfeitos e cansados,
Trêmulos, felizes e suados
Se colocam, como antes, lado a lado
E vejo-te sorrindo para mim.
(Danclads Lins de Andrade).