Gelava, a noite.
Uma nortada sinistra teimava em soprar.
Malvados cartões que não paravam quietos!
Grande ponto, aquele.
Uma vista assim não era para todos.
A cidade estendia-se a seus pés
Densa, perversa, bela e submissa.
Queria tê-la só para si,
Com a luxúria ciumenta de um amante que paga,
Mas só para depois a largar
Numa valeta qualquer,
Usada e abusada até à exaustão total.
Seria a vingança perfeita.
Todas as humilhações sofridas
Arrematadas nessa cartada final!
Já nasce a manhã e o vento continua a uivar!
Grita-lhe aos ouvidos gemidos de horror
Das almas penadas que por ali pairam
Só para o assustar.
Inúteis! Não sabem nada!
Não sabem que perdeu o medo quando perdeu a dignidade.
Agora, precisava de dormir sossegado
Sem sonhos, sem pesadelos
Sem nunca mais acordar.
Incipit...