MUNDO LOUCO (No Brasil) (Jairo Nunes Bezerra)
Tento escrever algo. O cérebro está vazio. Queria falar da natureza com suas árvores, rosas e luzes. Mas falta-me inspiração. Lá fora, a chuva cai copiosamente. Nada de Sol. E pior, à noite não vamos ter aquele luar que inspira o poeta em suas peregrinações em busca das coisas esplendíssimas. Não vamos ter também a vagueação da criançada saltando pelas ruas molhadas, pois já se recolheram. A temperatura variou. O frio é intenso e a escuridão já predomina na paisagem. Estou com as mãos sobre o teclado. Elas se movimentam ativamente controlando o ritmado dos dedos. E balanço a cabeça ansiosamente, incentivando-a a raciocinar com mais presteza. E a televisão transmite que em São Paulo, um grupo de marginal telefona para empresários cobrando-lhes um envio de R$ 1.500,00 ou o equivalente em cartões telefônicos, porque isso foi decisão do grupo que se reumiu para captar mais recursos. E que, a desobediência, seria alvo de sérias providências, até a morte. E me vem à lembrança de fato anterior em que por decisão do congresso, o governo cobrava 27,5% dos salários, e que a desobediência traria sérias conseqüências para os omissos, como execuções e até cadeia. E ainda me vem à lembrança que o governo quer aumentar os seus recursos, mas se esquece de cobrar imposto de renda dos milhares de estacionamentos, dos vários tipos de jogatinas, das igrejas detentoras de milhões de imóveis e colégios e terrenos, locados a preços elevados e superiores ao do mercado e até mesmo dos produtos manufaturados, pois destes, os impostos são acrescentado aos seus valores, formando um valor bruto pagável pela população. Vem à lembrança também que há pouco depositei na minha conta determinado valor. O retirei para fazer determinado pagamento. Desisti do tal pagamento e voltei a depositar a mesma quantia na minha conta. Nada fiz com o dinheiro, mais paguei quatro vezes CPMF. Vou parar de escrever. Acho que estou enlouquecendo, pois cheguei até pensar que seria melhor pagar os R$ 1.500,00. Tenho até medo de vender o meu carro e comprar um avião novo. Breve vou me despedir de Porto Alegre e vou continuar a viajar. Vou imitar o homem!