Agarro as asas do vento que passa,
Puxo-o para mim, faço-o parar;
Digo-lhe que quero um favor dele,
Que me leve uma mensagem para o meu amor,
Dizendo que estou carente do beijo dela;
Sussurro ao vento as palavras,
Que desejo sejam levadas na minha voz,
Para que entrem directamente no coração
Da minha amada
E não se percam nos atalhos das nuvens,
Escurecidas pela carência de luz, do seu olhar;
Disse-lhe que a saudade é imensa,
Do tamanho da lua
E que se ela não vier,
Não sei como viver!
Sinto falta das suas carícias
E do afago do seu abraço;
Escurecem-me os dias, pela sua ausência;
As horas lentas, inexoráveis
Apertam-me a alma;
O tempo pára, e as emoções se congelam;
Mas, agora, no próximo luar,
Vindas em cálida e suave brisa,
Terei notícias doces e apaixonadas
Ou, talvez ela venha na volta daquele
Vento meu amigo, que eu parei.
José Carlos Moutinho