HELENA SE ABRE
(Jairo Nunes Bezerra)
Estou tremendo de frio. A temperatura atingiu a 18° no terraço. Falta-me algo. Repentinamente chega Helena com mais uma garrafa de vinho. Hoje ela está diferente. Seus cabelos soltos esvoaçam aos ventos, seu decote está mais bondoso e sua minissaia rósea mais curta. É um espetáculo de erotismo. Serve-me o vinho com mais graciosidade. Deu-me até a oportunidade de vislumbrar-lhes os biquinhos dos seios, ativados. Convido-a para sorver vindo ao meu lado. Recusa relutante dizendo que não bebe, mas aceita um cálice e aos poucos se solta e, nas confissões que faz, confessa que ainda é virgem. Seus pais a criaram sob o regime da religiosidade. Viera para o Rio para estudar. Não conseguiu êxito, pois a despesa era grande.
A sua salvação foi ter sido adotada por um casal de empresário, que a trata como filha. O casal tem boa situação econômico-financeira e promete ajudá-la futuramente em seus estudos. Ela bebe mais uma taça de vinho. A transformação foi imediata. Ela passa a falar de suas fantasias eróticas. Nas fantasias predominam picolés e sorvetes. O momento é uma loucura, principalmente quando aqueles lábios carnudos se aproximam dos meus e nossos joelhos se chocam. Resolvo tomar a iniciativa... A campainha toca. Helena desaparece com o seu cálice. Abro a porta. O casal está de volta... E diferentemente de outras vezes, se acerca da mesa do terraço e acompanha-me no vinho. Helena é acionada para trazer outro. E, à sua aproximação, meu coração dispara. Prevalece o desejo de tê-la nos braços. Ela, humildemente, enche as nossas taças e se afasta, deixando o seu perfume igual aos que exalam das rosas.
Ruth e Alexandre, o casal, se empolga com a bebida e falam sobre Copacabana. Ela aparenta 32 anos e 42 anos. O casal é excelente. Ela,
Por eu ser poeta, dedica-me total atenção. Sua voz é maviosa e seu corpo um encanto. Mas longe de eu alimentar esperança a seu respeito. Ela é uma santa e como tal sempre a terei. O jantar está à mesa, lagosta à francesa, prato preferido por eles, talvez devido as suas freqüentes estadas em Paris, onde são proprietários de um apartamento na proximidade do Cafè Petit, ponto de encontro das belas da tarde. E o melhor é que o apartamento já me foi oferecido. Para não ofender o casal com minha recusa, vou passar vinte dias no apartamento.