Depois de tanto prometer, a felicidade fechou suas asas. Bastou apenas uma mensagem desencontrada, para ela partir para não sei onde. Desde então, apenas estou vivo, perambulando entre becos e procurando sentido, talvez encontre uma flor em meio ao asfalto... Tudo que encontrei, foram velhos ímpetos conhecidos. Aos quais abracei, como a velhos amigos por tempos afastados.
Aqui nessa estação habitada apenas por pobres diabos. Cada qual como eu, se esconde como pode. São médicos, poetas, Mauricios, Patricias, mendigos. Aparecem aos montes, de todos os cantos. Estão sujos, famintos, irados e auto-amaldiçoados. A dor rasteja sorridente e insaciável, alfinetando cada ferida exposta em carne viva, amiga-se ao medo e enveredam-se pro entre os diabos. Alguns estão sentados, mas por pouco tempo, alguns passam de lá para cá, alguns choram e nenhum deles pode dizer o que há.
Vários copos de água mineral enfeitam o lugar fétido, muitos sacos plásticos, cápsulas, pontas de cigarros, merda e urina. O breu noturno deixa ainda mais obscura a cena deplorável. Eu ali, em meio ao caos, esperando uma rede salvadora, quem sabe até um paraquedas. Um braço já servia... Alguém que dissesse: “Você não é isso. Quer um espelho?”. Mas como poderia se me tornei invisível, se me tornei mudo,cego e surdo? Sou apenas mais um pobre diabo...