Nas marés da inocência
Onde se atalham as redes
E os homens são destemidos
Há um travo a saudade
Que se deixa em cada praia
Na partida para o mar
Em cada noite menina
Com chuva ou lua cheia
Nas ondas de tanta coragem
Se unem seus braços lestos
Que a manhã traz a ressaca
No pecúlio das suas margens
Os esperam suas mulheres
E as viúvas de tantos outros
Num auxílio necessitado
No reencontro da vida
Onde sobrevivem memórias
E as vestes negras perdidas
Restam as caixas do fresco peixe
Que os mercados tanto anseiam
Onde tantos ganham mais
Do tão pouco que lhes fica
E em cada mesa distante
Se tempera tanta façanha
Noutro dia noutras vidas
Nos mares do desempenho
Os pescadores neles retornam
Regressando em cada maré
Às areias que os acolhem
Muitas vezes em menor número
António MR Martins
2011.07.27
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...