Carta ao meu avô
Querido avó
Quem me dera que esta simples carta conseguisse chegasse às mãos sinal que estavas aqui comigo, mas tu partiste e deixaste aqui sozinha pensando em ti, sentindo saudades de ti.
Avó lembras aquelas nossas conversas debaixo da nossa varanda, que tu contavas como era a tua vida de pequenino, andavas descalço de calças rotas, correndo pelos campos, fazendo patifarias com os lavradores teus vizinhos. Lembro que quando eras um jovem dizias que eras muito namoradeiro, andavas rondando as moças de toda a redondeza, segundo eu via nas fotos eras bonito, forte e robusto.
Contaste da minha avó das dores de cabeça que lhe provocavas com as outras rivais da tua aldeia. Contaste que conseguiste chegar ao seu coração por algo simples, mas divertido, parece que ela estava a lavar no tanque da aldeia e tu avó fizeste o favor de pedir aos garotos que esperassem que ela saísse do tanque e tombasse a bacia com a roupa lavada. As crianças assim o fizeram, sabiam eles que iam ganhar rebuçados com isso, bem a avó ficou fula e atrapalhada, mas tu safado foste ajudar.
Ganhastes uns pontos com ela, pois te ficou grata pela ajuda embora ela fosse de pouca confiança, lembro que ela deu muita luta, era severa, mas linda demais segundo tu me contavas eu nunca a conheci. Que pena que sinto por não a ter conhecido, sentia as tuas lágrimas rolarem pela face da tua saudade, como tu amas-te e como falavas dela isso enternecia o meu coração de amor.
As nossas conversas eram grandes, adorava ficar no teu colo e ficar horas a escutar as tuas histórias de vida. Como eu aprendi contigo, que exemplos de vida tu me davas, jamais sentias um velho, queixar de dores nunca te ouvi um lamento eras, o meu herói o meu avó tão querido.
Eu cresci tanto que hoje se me visses e visses as tuas bisnetas serias orgulhoso e feliz, imagino o que elas sentiram em estar contigo. Às vezes lhes conto sobre ti e tua vida, elas ficam felizes e vibram de felicidade escutando, mas tristes por não se terem sentado no teu colo.
Estranho avó nem o avó delas tiveram e pelo caminhar de minha vida as minhas netas também não o terão, triste mesmo, mas a vida tem que continuar como tu mesmo me ensinavas.
Lembro de perguntar a ti porque morrem as pessoas e iam para debaixo da terra, nunca deixavam ir a funerais e isso confundia pensando ser muito mau, por isso associei a morte a uma coisa horrível e pavorosa. As vezes perguntava avó vou virar a fantasma, ele sorria e dizia não, explicava que eram mitos da aldeia mas que a morte era somente um descanso para a alma. Sorrindo, sempre sorrindo tu falavas que estarias no céu me velando sendo o meu anjo da guarda, estranho que hoje eu sinto isso mesmo, quando a vida surpreende com reservas de coisas negativas, sinto ali comigo dando força é como se estivesses conversando comigo.
Meu avozinho seja onde tu estiveres não deixes de estar velando por mim, preciso estar no teu colo segura, desabafando as minhas tristezas e sentindo o teu lindo brilho no teu olhar, quanto eu via amor no teu sorriso que iluminava a minha alma.
Olha avó eu precisava de te falar que sinto saudades tuas e que nunca saíste do meu coração porque ficaste aqui com um pedacinho dele e levaste um pedacinho do meu coração contigo.
Onde quer que tu estejas sempre olhando por mim e me amando como eu te amo.
Tua neta
Betimartins
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