Prosas Poéticas : 

O HOMEM QUE PEDIU PARA NÃO MORRER

 




A mão estendida não é mais um pedido de clemência
Farrapos expulsam
Horror, uma gama de repulsa
Os dedos trêmulos são um gatilho
Que empunha o fuzil
O olhar distante se perdeu entre o ódio e a compaixão.

Mais uma investida
Mais um pedido de socorro
Um homem-bomba na Palestina
A voz amarfanhada
A mão estendida, esquelética
Mais um infeliz solto. Uma fera do outro lado da jaula
Apelos derradeiros na beira da estrada.

O fôlego arfante. As órbitas profundas
Tartamudo. As palavras ausentes
Como é que se diz “amor”
Só sabe dizer “ pelo amor de deus”
Não pode ouvir “solidariedade”
Para sensibilizar
Para mostrar
Que não é um fora-da-lei
E não quer morrer de fome.

 
Autor
Joel Pereira de Sá
 
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