Uma das histórias mais interessantes que já li, na mitologia grega, foi a de Sísifo.
Sísifo, filho de um rei, era considerado um dos mortais mais astutos. Sempre se dando bem em suas armações, ele aprontou uma logo com Zeus.
Sem perdão, ele foi condenado, após sua morte, a rolar uma pedra enorme de mármore, no Hades, por toda a eternidade.
Essa pedra teria que ser rolada até o cume de uma montanha, mas sempre que Sísifo estava quase alcançando o topo, a pedra rolava montanha abaixo. Todo o seu esforço era sempre em vão.
Por isso, hoje em dia, quando vemos algo em que é inútil desprender esforços e alguém ainda insiste naquilo, podemos dizer que ele está fazendo um "trabalho de Sísifo".
Trazendo esta história para os dias de hoje, observo que muitas pessoas o exercem, nas mais diversas áreas e funções.
Quantas pessoas estão, ainda hoje, insistindo em relacionamentos que não trazem alegria ou satisfação, mas pelo contrário, só produzem dor, baixa-estima e tristeza?
Rolam a pedra, vez após vez, achando que um dia, finalmente, a pedra vai alcançar o topo.
Ledo engano.
Determinadas coisas não mudam, apenas porque queremos que mudem.
A vida torna-se pesada e ao invés de ser uma dádiva, passa a ser um castigo.
Na área profissional, acontece a mesma coisa.
Quantas pessoas insistem em exercer um dom que não possuem, e se frustram, porque nunca alcançam o que desejam. Nem podem, porque não lhes é permitido.
Outros tantos, tentam tantas vezes e não produzem absolutamente nada.
São Sísifos, com um legado: rolar a pedra quantas vezes forem necessárias, porque assim é a vida e assim é que tem que ser.
Lembremo-nos que não somos deuses, nem filhos dos deuses. Somos mortais, desobrigados de rolar grandes pedras de mármore pelo resto de nossa existência.
Um dia, chega a hora de deixar a pedra rolar montanha abaixo e seguir rumo à novos ideais.
Esforçar-se sim, mas de forma diferente.
Um dia, o passado tem que ser deixado para trás. Lembranças, mágoas, rancores, ressentimentos.
Pedras imensas que rolam dentro do coração, dia após dia, torturando...adoecendo.
Libertar-se é um ato de querer, de decidir.
É o perguntar-se "por que?" e mesmo sem saber as respostas, ao menos, tentar.
Provavelmente, em nosso caminho, encontraremos muitas outras montanhas e também, outras pedras.
Vai depender de cada um de nós a decisão do que faremos com elas.
Ao sentir que as forças estão se exaurindo e que todos os seus esforços estão sendo em vão, nem sempre desistir é sinal de fraqueza, ou falta de persistência.
Pode ser um sinal de inteligência.
Encontre sentido para tudo o que você faz.
Cláudia Banegas