Este soneto pensa, e ainda agora
O caos humano segue, muito embora
Se diga a voz do eterno tão clemente
E a escolha a nós pertença, de repente
Assim a vida é crença que não cora
Transforma em dogma o ser de cada hora
E o homem num qualquer subserviente
De tão apaixonado e assaz carente
A mendigar o céu, por recompensa
Que lhe faculte a vida eterna em paz
Precisa crer na Fala, qual sentença
Inabalável fé, que aliás
Não é delírio havido de nascença
Mas sim resposta fácil que lhe apraz
Miguel Eduardo Gonçalves-