trazes glórias no peito
engastadas a eito,
trazes sangue nas vidas
que raspam as suas feridas,
trazes ligeiras singelezas
misturadas com belezas,
trazes cheirosas floristas
e mãos de carteiristas,
trazes coloridas aguarelas
com retratos de ruelas,
trazes azulejos cerâmicos
e também arcos românicos,
trazes gatos vadios
com sonoros desafios,
trazes a alma enfeitiçada
duma fome endiabrada,
trazes o corpo sumarento
de um útil talento,
trazes a voz rouca
e um sorriso na boca,
trazes luz e alegria
numa hora tardia,
trazes sonhos de meninas
das putas nas esquinas,
trazes rachas inflamadas
e buracos nas calçadas,
trazes línguas estrangeiras
em misturas ligeiras,
trazes pombos cinzentos
piando os seus lamentos,
trazes estátuas paradas
de heróis e de fadas,
trazes também inseguranças
no desenho das tuas danças,
trazes ombros de xailes
animando certos bailes,
trazes loucos festivais
em regressos estivais,
trazes músicos tocando
e “rappers” rimando,
trazes bairros típicos
de movimentos cíclicos,
trazes um bairro no alto
e umas docas no salto,
trazes a tua fama
na sinuosa Alfama,
trazes alegres marchas
com coloridas larachas,
trazes um santo boémio
como o teu melhor prémio,
continua...
NR
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