O poeta é verso no sexo
Com o poder na ponta do fuzil.
A carícia e a unha
Glande na vulva delícia
E no recto o erecto ser concreto
.
A frase suada em delírios
Palavra a palavra
Gritadas as dores e prazeres tentados
Poema inteiro
Orgasmo
Em carne viva
Poeta de espírito aceso
Em corpo latejante
Leito feito em framboesas groselhas
Cama no bosque vermelha
Deitado cabeça ao alto
De prazeres consumido
Acto e palavra consumados
.
O verso acutilante em ventre redentor
Lança em riste
Centelha viva
Incessante guerrilheiro
Infatigável amante
.
Arquitecto da forma depurada
Boca a boca
A palavra
Beijo de estilo
Pintura
Língua e sexo acto poema
Verso e reverso do enlace glorioso
O poema por escrever nos hiatos da peleja
Física
Intensa
Tumultuosa
Tântrica e sublime
A cama ornada de suores
Leitos inventados
Cavalgo a palavra
Cavalgo-A
E sou já corcel
Rebeldemente dócil
Da amazona luminosa
Conspiramos lascívias
Fundimos noite e dias
Fundimo-nos
Carne entrelaçada no verso
Em almas penetrantes de desejos
Dionísio Dinis