Acordo… e a primeira informação que o meu cérebro dá ao meu corpo é que o meu braço caia desmaiado para o lado e que a minha mão ainda adormecida te procure cega pela cama mas, nesta sinto apenas as asperidades dos lençóis… E sinto-me a boiar num mar desgostoso e transtornado, por acordar e não te pressentir contemplando-me num olhar atento e ansioso para me saudares, com esses teus olhos verdes. Aquele teu ‘bom dia’ de que espero e com que sonho. Com aquele teu olhar verde, misto de cor de mel que me lembra uma linda paisagem de vastos campos cultivados.
Ainda não sei se quero abrir os olhos e encarar a crua realidade ou se me vou envolver por entre os lençóis, aconchegar-me e continuar a flutuar pelos meus sonhos, de como seria se estivesses aqui.
Imagino que serias tu o meu manto envolvente, que seria o brilho dos teus olhos a luz do meu amanhecer, que seriam as tuas mãos a minha segurança, os teus braços o meu conforto. Ai, como seriam os teus lábios por si só, sem nada dizerem, as coisas mais belas que alguma vez ouvi. Enquanto as tuas pernas eram os meus entrelaces, como se de uma transa de cabelo se tratasse.
Imagino-te madrugando, acordado e irrequieto a meditar as minhas formas. Imagino um ‘bom dia’ entre muitas outras coisas que poderias dizer-me ao abrir dos meus olhos, coisas como ‘os teus olhos castanhos, são lindos… lembram-me o adocicado sabor das avelãs’ ou um simples ‘és linda’ ou até mesmo um forte olhar cheio de brilho e continuamente um sorriso rasgado.
Imaginava-me a acordar reconfortada e envolvida nuns toques macios no meu cabelo, feita por uma mão de veludo. Ou com os lábios humedecidos de um beijo suave e tímido.
Bem nisto já não sei se imaginei, se sonhei ou se aconteceu. Só me resta abrir os olhos… encho o peito de ar num inspirar profundo enquanto me preparo para regressar à realidade em tons de cinzas, sem ti ou se tudo isto aconteceu e me vou sentir encantada como uma criança rodeada de cores alegres… Bom, aqui vai.
Abri os olhos e uma lágrima escorreu e a primeira informação que o meu cérebro dá ao meu corpo é que o meu braço caia desmaiado para o lado e que a minha mão ainda adormecida te procure cega pela cama mas, nesta sinto apenas as asperidades dos lençóis…
'Dum vita est pO3tica'
Imagem retirada do motor de busca Google.