Ary Bueno [ O Príncipe dos poemas e do amor ]
Passam as horas, passam os dias
Passam meses, não os desenganos
Ficam tristeza, mas não as alegrias
Fica dor, fica lembrança, passam anos
Chegam os cabelos brancos, rugas
O cansaço, o reumatismo a acompanhar
Da solidão, não temos direito a fugas
Ficamos restritos, não podemos sonhar
Vemos com tristeza o nosso mundo
Sentimos o amargor do fim da vida
Não vemos saída deste poço fundo
Não temos junto as pessoas querida
Não temos mas direito, ao nosso amor
Somos como uma murcha e velha flor
Para sempre perdemos a mocidade
Na velhice, só resta o consolo da saudade