Este Verão vou passar as férios fora. É verdade, e nem me venham dizer que as devo passar cá dentro, que temos que poupar, que temos que valorizar o que é nosso, essa treta que por aí anda a circular à boca grande e à vontade pequena:
primeiro, já não tenho "cá dentro" - o banco por baixo do qual fiz o ninho retomou-me o direito à habitação e enxotou-me as penas. Fiquei a penar e sem pau de perueiro.
segundo, poupar é para poupas e eu sou uma perua portuguesa com muita honra.
terceiro, nosso já não é nada e meu ainda menos... por isso, só (ainda) valorizo a minha ascendência de faisão e, a bem da descendência, as penas repimpadas do meu Peru Vais prá Caminha, quando lhe apetece escrever-me glórias e venturas.
Bem, já viram que tenho mesmo que passar as férias fora: por aí, ao relento, mais o meu Peru mais careca que o último cheque que passei (já lá vão uns anitos, que agora já nem cartão passo a ninguém!...).
Vale-me ao menos a certeza que fome não vou passar, nem eu nem a criação: e coisa de monta, de sustento, ai, isso é verdade, a gente não se pode queixar, não senhor! Estamos fartos de nos regalar com sapos, e dizem que ainda há muitos para engolir! Fritinhos de cebolada são uma delícia, mas como nos falta a cebola, vão mesmo assim, ao natural: metem-no-los pela goela abaixo, tipo aguardente de Natal, e é ver a gente inchar!... (ai, ainda vou enjoar...)
Haja saúdinha, que sardinha é cara e dizem que anda seca!...